Teoria dos erros

O ato de medir é, em essência, um ato de comparar, e essa comparação envolve erros de diversas origens (dos instrumentos, do operador, do processo de medida etc.).[1]

Quando se pretende medir o valor de uma grandeza, pode-se realizar apenas uma ou várias medidas repetidas, dependendo das condições experimentais particulares ou ainda da postura adotada frente ao experimento. Em cada caso, deve-se extrair do processo de medida um valor adotado como melhor na representação da grandeza e ainda um limite de erro dentro do qual deve estar compreendido o valor real.

Tipos de erro

  • Erros nos dados experimentais e nos valores dos parâmetros:
    • Sistemáticos (nos dados de entrada) - Erros que atuam sempre no mesmo sentido e podem ser eliminados mediante uma seleção de aparelhagem e do método e condições de experimentação. A coleta de dados decorrente de medidas das observações e experimentos, na maioria das vezes, traz consigo erros que são inerentes aos próprios instrumentos de medida.
    • Fortuitos (gerados pelo modelo) - Erros com origem em causas indeterminadas que actuam em ambos os sentidos de forma não previsível. Estes erros podem ser atenuados, mas não completamente eliminados.
  • Erros de truncatura - Resultam do uso de fórmulas aproximadas, ou seja, uma truncatura da realidade.É preciso fazermos a substituição de uma expressão ou fórmula infinita por uma finita ou discreta. Por exemplo, quando se tomam apenas alguns dos termos do desenvolvimento em série de uma função.
  • Erros de arredondamento - Resultam da representação de números reais com um número finito de algarismos significativos.

[2]

Erro absoluto e erro relativo

A partir do momento em que se calcula um resultado por aproximação, é preciso saber como estimar e delimitar o erro cometido nessa aproximação. Todos os tipos de erro acima podem ser expressos como "erro absoluto" ou como "erro relativo". Também, pode ser tratados pela Análise Numérica ou pela Estatística.[3]

Seja X {\displaystyle X} um número com valor exacto e x {\displaystyle x} um valor aproximado de X {\displaystyle X} . A diferença entre o valor exato e o valor aproximado é o erro de X

Ao módulo deste valor, chama-se de Erro absoluto de X.

Como geralmente não temos acesso ao valor exato X {\displaystyle X} , o erro absoluto não tem na maior parte dos casos utilidade prática. Assim, temos que determinar um majorante de Δ {\displaystyle \Delta } . Este valor designa-se de Δ ¯ {\displaystyle {\bar {\Delta }}} . Satisfaz a condição:

O mínimo do conjunto dos majorantes Δ ¯ {\displaystyle {\bar {\Delta }}} de Δ {\displaystyle \Delta } , chama-se "erro máximo absoluto" em que x {\displaystyle x} representa X {\displaystyle X} .

Em face das regras de arredondamento consideradas, um número com m {\displaystyle m} casas decimais deve supor-se afectado de um erro máximo absoluto de:

Geralmente, mais útil do que o erro máximo absoluto é a relação entre este e a grandeza que está afectada pelo erro.

Ao quociente entre o "erro absoluto" e o módulo do valor exacto, chama-se Erro relativo de X {\displaystyle X} .

δ = Δ | X | {\displaystyle \delta ={\frac {\Delta }{|X|}}}

No entanto, na prática não temos acesso ao erro relativo e temos que usar o majorante deste.

Se Δ {\displaystyle \Delta } muito menor que X {\displaystyle X} então,

δ = Δ | X | Δ ¯ | x | {\displaystyle \delta ={\frac {\Delta }{|X|}}\leq {\frac {\bar {\Delta }}{|x|}}}

Exemplos

Sejam os valores x {\displaystyle x} =0.000006 e x ¯ {\displaystyle {\bar {x}}} =0.000004, o erro absoluto é de 2x10-6 e o erro relativo é de 0,33333...

Seja p {\displaystyle p} = π {\displaystyle \scriptstyle {\pi }} e p {\displaystyle p} *=3,1416, o erro absoluto é de 7.346x10-6 e o erro relativo é de 2.338x10-6.

Seja v {\displaystyle v} = 40320 e v {\displaystyle v} *=39990, o erro absoluto é de 4.2x10-2 e o erro relativo é de 1.042x10-2. [4] [5]

Primeiro problema fundamental da teoria dos erros

Estando os dados de um problema afetados de erro, calcula-se um majorante do erro em que a solução calculada representa a solução exata.

1. Erro na avaliação de funções de uma variável

Δ x | f ( x ) | Δ x ¯ {\displaystyle \Delta x\leq |f'(x)|\Delta {\bar {x}}}

2. Erro na avaliação de funções com mais de uma variável

Δ x k = 1 N | δ f δ x i | Δ x i 0 ¯ {\displaystyle \Delta x\leq \sum _{k=1}^{N}|{\frac {\delta f}{\delta x_{i}}}|{\bar {\Delta x_{i}^{0}}}}

que é a Fórmula Fundamental da Teoria dos Erros

Problema inverso da teoria dos erros

O problema inverso da teoria dos erros consiste em determinar a precisão com que se devem utilizar os valores aproximados x 1 0 , x 2 0 , x 3 0 , . . . x n 0 {\displaystyle x_{1}^{0},x_{2}^{0},x_{3}^{0},...x_{n}^{0}} de x 1 , x 2 , x 3 , . . . , x n {\displaystyle x_{1},x_{2},x_{3},...,x_{n}} para que f ( x 1 0 , x 2 0 , x 3 0 , . . . x n 0 ) {\displaystyle f(x_{1}^{0},x_{2}^{0},x_{3}^{0},...x_{n}^{0})} seja um valor aproximado de f ( x 1 , x 2 , x 3 , . . . , x n ) {\displaystyle f(x_{1},x_{2},x_{3},...,x_{n})} com erro máximo absoluto inferior a um valor ϵ {\displaystyle \epsilon } pré-estabelecido.

Por simplicidade escolhe-se entre:

  1. Princípio das influências iguais
  2. Princípio dos erros iguais

Ver também

Referências

  1. http://wwwp.fc.unesp.br/~malvezzi/downloads/Ensino/Disciplinas/LabFisI_Eng/ApostilaTeoriaDosErros.pdf Teoria dos Erros - Unesp
  2. Aspectos teóricos e computação,Cálculo Numérico; 2ªEdição-,Ruggiero, Lopes,Editora Pearson
  3. http://www2.fisica.uminho.pt/Topicos%20de%20Fisica/Elementos%20de%20teoria%20de%20erros.htm Elementos de teoria de erros
  4. Cálculo numérico: características matemáticas e computacionais dos métodos numéricos,Sperandio,Mendes e Monken, editora Pearson 1ª reimpressão,2003
  5. Análise Numérica,Burden e Richard L., editora Thomson, 2003

Ligações externas

  • «Vocabulário Internacional de Metrologia» (PDF) 


  • Portal da física
  • Portal de probabilidade e estatística