Cassiano Ricardo

 Nota: Para o dublador, veja Cassiano Ricardo (dublador).
Cassiano Ricardo
Cassiano Ricardo
Nome completo Cassiano Ricardo Leite
Nascimento 26 de julho de 1895
São José dos Campos,  São Paulo
Morte 14 de janeiro de 1974 (79 anos)
Rio de Janeiro, Guanabara Guanabara
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Jornalista, poeta e ensaísta
Prêmios Prêmio Carmem Dolores Barbosa (1960)

Prémio Jabuti (1961, 1965)
Prêmio Juca Pato (1965)
Prémio Nacional de Literatura (1972)

Magnum opus A difícil manhã
Movimento estético Modernismo brasileiro

Cassiano Ricardo Leite (São José dos Campos, 26 de julho de 1894 — Rio de Janeiro, 14 de janeiro de 1974) foi um jornalista, poeta e ensaísta brasileiro.

Representante do modernismo de tendências nacionalistas, esteve associado aos grupos Verde-Amarelo e da Anta, foi o fundador do grupo da Bandeira, reação de cunho social-democrata a estes grupos, tendo, sua obra se transformado até o final, evoluindo formalmente de acordo com as novas tendências dos anos de 1950 e tendo participação no movimento da poesia concreta.

Pertenceu às academias paulista e brasileira de letras.[1]

Biografia e produção poética

Formou-se em direito no Rio de Janeiro, em 1917.[1] Rumando para São Paulo, trabalhou como jornalista em diversas publicações, e chegou a fundar alguns jornais. Aproximou-se de Menotti Del Picchia e Plínio Salgado, à época da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1924 fundou A Novíssima, revista modernista. Em 1928 publicou Martim Cererê, importante experiência modernista primitivista-nacionalista na linha mitológica de Macunaíma (de Mário de Andrade) e Cobra Norato (de Raul Bopp).[1]

Afastando-se das ideias de Plínio Salgado, Cassiano Ricardo funda com Menotti del Picchia o grupo da Bandeira, em 1937[2] Neste ano ainda foi eleito para a cadeira número 31 da Academia Brasileira de Letras, sendo o segundo modernista aceito na instituição (o primeiro havia sido Guilherme de Almeida, que foi encarregado de recebê-lo).

Em 1950 foi eleito presidente do Clube da Poesia de São Paulo, e entre 1953 e 1954 foi chefe do Escritório Comercial do Brasil em Paris, vindo a ocupar outros cargos públicos nos anos seguintes.

Sua obra passa por diversos momentos; inicialmente apresenta-se presa ao Parnasianismo e ao Simbolismo. Com a fase modernista, explora temas nacionalistas e depois restringe-se mais, louvando a epopeia bandeirante, detendo-se, em seguida, em temas mais intimistas, cotidianos, ou mais próximos da realidade observável.[1]

A partir da década de 1950, já no período daquelas tendências que têm sido chamadas por alguns críticos de segunda vanguarda, aproximando-se do grupo concretista das revistas Noigandres e Invenção, mostra claramente o seu espírito, desde sempre, vanguardista. Em Jeremias sem-chorar, de 1964, Cassiano Ricardo mostra sua grande capacidade de reciclar-se, produzindo poemas tipográficos e visuais, sempre utilizando-se das possibilidades espaciais da página escrita, sem perder suas próprias características. Nas palavras do poeta, na introdução do livro, "Situa-se o poeta numa linha geral de vanguarda, na problemática da poesia de hoje, mas as suas soluções são nitidamente pessoais".[3]

Detalhes sobre sua participação em grupos e movimentos

Cassiano Ricardo declarou que, o verde-amarelismo, tendo resultado no Integralismo, não haveria mais nada a dizer-se a respeito. Eis aí uma causa de seu afastamento do verde-amarelismo e do grupo da Anta.[1]

Quando foi um dos editores da revista concretista "Invenção", sofria uma certa rejeição do grande grupo, por sua oposição, no passado, a Oswald de Andrade. Além disso, Cassiano considerava, compreensivelmente, em função das diferenças de fundo entre a poesia concreta e a sua, os poetas concretistas "radicais demais".[4] Estes desacordos levaram ao seu afastamento do grupo.

Obras

  • Dentro da noite (1915)
  • A Flauta de Pan (1917)
  • Jardim das Hespérides (1920)
  • A mentirosa de olhos verdes (1924)
  • Vamos caçar papagaios (1926)
  • Borrões de verde e amarelo (1927)
  • Martim Cererê (1928)
  • Deixa estar, jacaré (1931)
  • Canções da minha ternura (1930)
  • Marcha para Oeste (1940)
  • O sangue das horas (1943)
  • Um dia depois do outro (1947)
  • Poemas murais (1950)
  • A face perdida (1950)
  • O arranha-céu de vidro (1956)
  • João Torto e a fábula (1956)
  • Poesias completas (1957)
  • Montanha russa (1960)
  • A difícil manhã (1960)
  • Jeremias sem-chorar (1964)
  • Os sobreviventes (1971)

Ensaio

  • O Brasil no original (1936);
  • O negro da bandeira (1938);
  • A Academia e a poesia moderna (1939);
  • Marcha para Oeste (1940);
  • A poesia na técnica do romance (1953);
  • O tratado de Petrópolis (1954);
  • Pequeno ensaio de bandeirologia (1959);
  • 22 e a poesia de hoje (1962);
  • Algumas reflexões sobre a poética de vanguarda (1964);
  • O indianismo de Gonçalves Dias (1964).

Referências

  1. a b c d e «Cassiano Ricardo». UOL - Educação. Consultado em 13 de janeiro de 2013  A referência emprega parâmetros obsoletos |língua2= (ajuda)
  2. Jornal de Poesia. Cassiano Ricardo -Biografia. Fonte: Academia Brasileira de Letras. Página visualizada em 18/06/2010.
  3. Ricardo, Cassiano. Jeremias sem-chorar. Rio de Janeiro. Livraria José Olympio. 2 ed. 1968.
  4. Khouri, Omar. Noigandres e Invenção:porta-vozes da poesia concreta. Faap. 2006.

Ligações externas

  • «Perfil no sítio oficial da Academia Brasileira de Letras» 
  • Fundação Cultural Cassiano Ricardo

Precedido por
Paulo Setúbal
ABL - quarto acadêmico da cadeira 31
1937 — 1974
Sucedido por
José Cândido de Carvalho
Precedido por
Alceu Amoroso Lima
Intelectual do Ano (UBE)
1965
Sucedido por
Caio Prado Júnior
  • v
  • d
  • e
Prêmio Jabuti - Poesia (1959 - 2020)
1959 – 1969

1959: José Paulo Moreira da Fonseca 1960: Sosigenes Costa 1961: Cassiano Ricardo • 1962: Mário da Silva Brito 1963: Mário Chamie 1964: Cecília Meireles 1965: Cassiano Ricardo • 1966: Carlos Soule do Amaral • 1967: João Cabral de Melo Neto 1968: Carlos Drummond de Andrade 1969: Stella Carr Ribeiro

1970 – 1979
1980 – 1989

1980: Sebastião Uchoa Leite 1981: Rubens Rodrigues Filho 1982: Francisco Alvim 1983: Orides Fontela 1984: Hilda Hilst 1985: Alphonsus de Guimaraens Filho 1986: Armando Freitas Filho 1987: Ilka Brunhilde Laurito 1988: Antonio Fernando de Franceschi • 1989: Francisco Alvim Alice Ruiz

1990 – 1999

1990: Manoel de Barros 1991: Affonso Ávila 1992: Carlito Azevedo 1993: Arnaldo Antunes Moacyr Amâncio • Carlos Drummond de Andrade Inês O. Depré, Haroldo de Campos João Cabral de Melo Neto 1994: Vinicius de Moraes Rubem Braga Frederico Barbosa • Marina Colasanti 1995: Ivan Junqueira Bruno Tolentino Paulo Leminski 1996: Leonardo Fróes Renata Pallottini Dora Ferreira da Silva 1997: Waly Salomão Thiago de Mello Carlos Drummond de Andrade Cecília Meireles A. B. Mendes Cadaxa • 1998: Alberto da Costa e Silva Reynaldo Valinho Alvarez • Marly de Oliveira 1999: Haroldo de Campos Gerardo Melo Mourão Salgado Maranhão

2000 – 2009

2000: Thiago de Mello Moacyr Félix • Ferreira Gullar 2001: Anderson Braga Horta Lêdo Ivo Alberto da Costa e Silva 2002: Claudia Roquette Pinto • Thiago de Mello Ivo Barroso 2003: Bruno Tolentino Geraldo Melo Mourão Marcus Accioly 2004: Alexei Bueno Marco Lucchesi Alphonsus de Guimaraens Filho Armando Freitas Filho 2005: Dora Ferreira da Silva Neide Archanjo • Artur Eduardo Benevides Antonio Risério, Frederico Barbosa • 2006: Affonso Romano de Sant'Anna Ruy Espinheira Filho Domingos Pellegrini 2007: Affonso Ávila Neide Archanjo • Armando Freitas Filho Bruno Tolentino (In Memorian) • 2008: Ivan Junqueira Marcus Vinicius Quiroga • Paulo Fernando Henriques Britto • 2009: Alice Ruiz Viviana Bosi • Eucanaã Ferraz Reynaldo Bessa

2010 – presente

2010: Marina Colasanti Reynaldo Jardim Silveira • Armando Freitas Filho 2011: Ferreira Gullar Gilberto Mendonça Teles Ricardo Aleixo 2012: Maria Lúcia Dal Farra Zulmira Ribeiro Tavares Josely Vianna Baptista • 2013: Ademir Assunção Glauco Mattoso Antonio Cicero 2014: Horácio Costa Marcus Vinicius Quiroga • Zuca Sardan 2015: Alexandre Guarnieri Marco Lucchesi Manoel Herzog • 2016: Arnaldo Antunes Salgado Maranhão Leonardo Aldrovandi • 2017: Simone Brantes Luci Collin Daniel Francoy • 2018: Mailson Furtado Viana 2019: Hilda Machado 2020: Cida Pedrosa

  • v
  • d
  • e
Cadeiras 1 a 10
1 (Adelino Fontoura)
2 (Álvares de Azevedo)
3 (Artur de Oliveira)
4 (Basílio da Gama)
5 (Bernardo Guimarães)
6 (Casimiro de Abreu)
7 (Castro Alves)
8 (Cláudio Manuel da Costa)
9 (Gonçalves de Magalhães)
10 (Evaristo da Veiga)
Cadeiras 11 a 20
11 (Fagundes Varella)
12 (França Júnior)
13 (Francisco Otaviano)
14 (Franklin Távora)
15 (Gonçalves Dias)
16 (Gregório de Matos)
17 (Hipólito da Costa)
18 (João Francisco Lisboa)
19 (Joaquim Caetano)
20 (Joaquim Manuel de Macedo)
Cadeiras 21 a 30
21 (Joaquim Serra)
22 (José Bonifácio)
23 (José de Alencar)
24 (Júlio Ribeiro)
25 (Junqueira Freire)
26 (Laurindo Rabelo)
27 (Maciel Monteiro)
28 (Manuel Antônio de Almeida)
29 (Martins Pena)
30 (Pardal Mallet)
Cadeiras 31 a 40
31 (Pedro Luís)
32 (Manuel de Araújo Porto-Alegre)
33 (Raul Pompeia)
34 (Sousa Caldas)
35 (Tavares Bastos)
36 (Teófilo Dias)
37 (Tomás António Gonzaga)
38 (Tobias Barreto)
39 (Visconde de Porto Seguro)
40 (Visconde do Rio Branco)
  • Portal da Literatura
  • Academias de letras do Brasil
  • Portal de biografias
  • Portal da arte
  • Portal da cultura
  • Portal da literatura
  • Portal da Academia Brasileira de Letras
  • Portal do Brasil
Controle de autoridade